A forma de transcendência mais condenada por Huxley é a multidão, chamada de alienação coletiva. Enquanto os governos e as igrejas condenam e regulam as drogas e o sexo vulgar, propiciam sempre que possível que dezenas, centenas ou milhares de pessoas se juntem num só lugar como uma massa indistinta. Segundo Huxley, a multidão é a forma mais rápida e simples de autotranscendência. Dentro de uma multidão é possível perder o senso de personalidade, as pessoas tendem a pensar menos em si mesmas e se tornam mais dispostas integrarem-se no grupo, mesmo que de forma negativa: seja chamando a atenção, imitando as ações dos outros, ou juntando-se a qualquer atividade que exija duas ou mais pessoas. Segundo sua análise, cada indivíduo dentro de uma multidão oferece menos defesa contra a persuasão e a manipulação, tornando-se extremamente mais influenciável do que em seu estado normal. O efeito de dividir espaço com milhares de pessoas diferentes é relativamente uma novidade para os seres humanos. O cérebro humano teve pouco tempo para se adaptar a tão extraordinário fenômeno. Ao longo da história, a concentração de grandes números de pessoas tem sido usada para atingir objetivos políticos, geralmente perniciosos, tendo como grande exemplo os discursos nazistas e fascistas. Junte-se a uma multidão alguns alteradores de consciência químicos, música rítmica em alto volume e o que você tem é um grande palco para hipnose. Um propagandista ao microfone, nestas situações, tem dez vezes mais chances de convencer o público do que falando com cada um individualmente. Um argumento fraco, ou mesmo falho, torna-se aceitável com apenas algumas repetições em público. Com cada vez menos oportunidades de desenvolver sua personalidade e menos tempo para a “solidão construtiva”, necessária no desenvolvimento de uma consciência holística, as pessoas são levadas a buscar formas baratas e rápidas de isolamento temporário, voltando-se cada vez mais para a transcendência descendente.
Conclusão: Ao trocar a metafísica da era religiosa pelo positivismo da era moderna, a sociedade não abandonou a “alienação fantasiosa” ao qual ela se entregara. Na verdade, a necessidade psíquica por “religação com algo divino” se tornou ainda maior, mas os métodos tomaram formas diferentes. Os sucedâneos de transcendência desempenham os mesmos papéis que antigamente nos rituais religiosos, com conseqüências muito mais prejudiciais que a inquisição e as cruzadas: a disseminação da ignorância, o conformismo, o controle social, e uma crescente massificação psicológica.
Conclusão: Ao trocar a metafísica da era religiosa pelo positivismo da era moderna, a sociedade não abandonou a “alienação fantasiosa” ao qual ela se entregara. Na verdade, a necessidade psíquica por “religação com algo divino” se tornou ainda maior, mas os métodos tomaram formas diferentes. Os sucedâneos de transcendência desempenham os mesmos papéis que antigamente nos rituais religiosos, com conseqüências muito mais prejudiciais que a inquisição e as cruzadas: a disseminação da ignorância, o conformismo, o controle social, e uma crescente massificação psicológica.
Olá,
ResponderExcluirEu sou o autor do texto cujo trecho foi publicado aqui. Eu só gostaria de enfatizar que eu sou cristão, de confissão luterana.