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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Deus é POP - Revista Época - Nelito Fernandes
Com mais de 20 tatuagens estampadas no corpo, dois piercings no nariz e um alargador de orelha, a paulistana Fernanda Soares Mariana, de 19 anos, parece estar montada para um show de rock. Apenas a Bíblia que ela carrega nos braços sugere outro destino. E Fernanda, a despeito do visual, está pronta mesmo é para encontrar Jesus. “A igreja não pode julgar. Ela tem de estar lá para transformar sua vida, e não sua aparência”, afirma. A igreja que Fernanda escolheu não a julga pelo figurino. Numa noite de domingo, no templo da Bola de Neve Church do Rio de Janeiro, o que se vê são fiéis vestindo bermudas e camisetas com estampas de surfe. Boa parte exibe tatuagens como as de Fernanda. No altar, uma banda toca música gospel, enquanto a vocalista grita o refrão “Jesus é meu Senhor, sem Ele nada sou”. Na plateia, cerca de 300 pessoas acompanham o show em catarse, balançando fervorosamente ao som da música. A diaconisa Julia Braz, de 18 anos, sobe ao palco de cabelo escovado e roupa fashion. Põe a Bíblia sobre uma prancha de surfe no púlpito e anuncia: “O evangelismo tá bombando!”. Amém. Cultos voltados para os jovens, como a igreja da Bola de Neve, revelam um fenômeno: mostram que o jovem brasileiro busca formas inovadoras de expressar sua religiosidade. Em 1882, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche assinou a certidão de óbito divina com a célebre afirmativa: “Deus está morto”. Para ele, os homens não precisariam mais viver a ilusão do sobrenatural. Nietzsche não foi o único. O anacronismo da fé religiosa era uma premissa do socialismo. “A religião é o ópio do povo” está entre as frases mais conhecidas de Karl Marx. Para Sigmund Freud, a necessidade que o homem tem de religião decorreria de incapacidade de conceber um mundo sem pais – daí a invenção de um Deus. A influência de Marx e de Freud no pensamento do século XX afastou gerações de jovens da fé. Mas a derrocada do socialismo e as críticas à psicanálise freudiana parecem ter deixado espaço para a religiosidade se manifestar, sobretudo entre os jovens. “Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados –, tudo isso está se combinando para fazê-la ficar mais forte”, escreveram John Micklethwait e Adrian Wooldridge, ambos jornalistas da revista britânica The Economist, no livro God is back. Para os jovens, como diz o título do livro, Deus está de volta. Ou, nas palavras da diaconisa Julia, “está bombando”. Uma pesquisa feita por um instituto alemão mostra que 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam ser “profundamente religiosos” Uma pesquisa inédita do instituto alemão Bertelsmann Stifung, realizada em 21 países, revela que esse renascimento da religião está mais presente no Brasil que na maioria dos países. O estudo mostra que o jovem brasileiro é o terceiro mais religioso do mundo, atrás apenas dos nigerianos e dos guatemaltecos. Segundo a pesquisa, 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam que são “profundamente religiosos”. Noventa por cento afirmam acreditar em Deus. Milhões de jovens recorrem à internet para resolver seus problemas espirituais. Na rede de computadores, a diversidade de crenças se propaga como vírus. “Na minha geração só sabia o que era budismo quem viajava para o exterior”, diz a antropóloga Regina Novaes, da Universidade de São Paulo e ex-presidente do Conselho Nacional de Juventude. “Hoje, com a internet, o jovem conversa com todo o mundo e conhece novas religiões. A internet virou um templo.” Mais talvez do que isso, ela se converteu no veículo ideal de uma religião contemporânea e desregulada, que pode ser exercida coletivamente sem sair de casa e sem submeter-se a qualquer disciplina. Até o século XIX, o Brasil tinha uma religião oficial: a católica. Quem não era católico não podia trabalhar para o Estado. Os outros cultos eram permitidos, mas desde que não fossem praticados dentro de edificações cuja arquitetura lembrasse uma igreja. Hoje, quase metade dos jovens brasileiros diz professar outras religiões – e essa talvez seja uma das características mais marcantes da nova religiosidade do jovem brasileiro. “É um salto muito grande, em muito pouco tempo”, diz o antropólogo Roberto DaMatta. Parte da explicação para a transformação de uma sociedade baseada numa só fé para a era das múltiplas escolhas está na disposição do jovem para experimentar. Ele pode aderir a seitas exóticas, viver aquele momento e depois voltar para a tradição sem grandes dilemas. “O jovem não decide ser católico só para seguir a religião dos pais. Ele quer distância disso”, diz o teólogo Rubem Alves. A experiência de Alves com jovens mostra que eles querem seguir os próprios caminhos. Os jovens, diz ele, adotam religiões minoritárias por achar que estão vivendo uma grande missão: querem mostrar ao mundo que, apesar da pouca idade, já encontraram sua “verdade”. Seria quase um ato de afirmação juvenil. Na religião, como na política e nos costumes, há rebeldia. Assim como os pais religiosos já não transmitem sua crença aos filhos, os pais ateus também não influenciam os filhos a adotar o ateísmo. Uma pesquisa feita com famílias do Rio de Janeiro revela que 60% dos filhos de pais ateus acreditam em Deus e adotam alguma religião. Alguns, motivados por questões íntimas, empreendem verdadeiras peregrinações em busca de respostas a suas inquietações. Texto Completo: http://extestemunhasdejeova.net/forum/viewtopic.php?f=21&t=2308
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
O mercado do cristianismo - Por Márcio Salgues
Domingo é dia de marketing e proselitismo. Só em uma avenida próxima de onde moro há doze igrejas, entre católicas e evangélicas nas suas mais diversas ramificações, eu mesmo contei. Em outra das maiores avenidas do Recife há uma quantidade ainda maior de templos cristãos.
As faixas de pedestres se tornaram num palco ao ar livre a cada sinal vermelho, onde crianças carentes que fazem malabarismos com pedaços de cabos de vassouras - as mais experientes acendem as pontas desses paus fazendo as manobras com tochas - disputam espaço com religiosos imbuídos da tarefa de propagar o cristianismo. Em vários semáforos, duas pessoas estendem faixas com versículos bíblicos ou mensagens apocalípticas diante dos carros parados, enquanto o restante do grupelho segue distribuindo folhetos entre os motoristas e pessoas às janelas dos ônibus.O que não deixa de ser curioso sob a própria ótica cristã... Enquanto uns pedem comida, outros distribuem panfletos e lançam palavras ao vento, deixando de enxergar os mais necessitados bem ali ao seu lado.
A idéia básica é que todos pregam a mesma coisa: a salvação por meio de Jesus Cristo. Mas a prática mostra justamente, que predominam, em qualquer situação, as mesmas regras do neoliberalismo e da livre concorrência de mercado - no caso, o mercado de almas e contribuintes em potencial. Para tanto, qualquer diferencial é válido a fim de maximizar os benefícios oferecidos e minimizar as deficiências. Afinal, para que tantas denominações diferentes a poucos metros de distância se todos pregam a mesma coisa e tem o mesmo objetivo teoricamente?
Em um certo ponto existem três igrejas diferentes vizinhas. O "cliente-alma perdida" passa na frente, verifica as ofertas que variam de "loja" para "loja" - da simples hóstia aos mais mirabolantes milagres - é convidado a entrar, como numa grande feira livre, e seduzido - quando não induzido - a filiar-se àquela instituição. Algo como você entrar numa loja e o vendedor tentar lhe vender o produto a todo custo.
O mundo seria muito melhor se não houvessem surgido as tantas religiões, clamando ser portadoras da verdade, que temos hoje, e fosse regido tão somente pela razão e por uma ética universal. É lógico que isso é um delírio assim como a "Utopia" de Thomas Morus, pois o homem se diversifica culturalmente de forma constante. No livro "Deus e os homens", Voltaire, um dos maiores expoentes do iluminismo francês, nos diz que não houve idéia melhor que pudesse por um freio aos homens a fim de julgar seus sentimentos mais ocultos, do que a idéia de um deus que pune ou recompensa a cada indivíduo conforme seus atos.
As faixas de pedestres se tornaram num palco ao ar livre a cada sinal vermelho, onde crianças carentes que fazem malabarismos com pedaços de cabos de vassouras - as mais experientes acendem as pontas desses paus fazendo as manobras com tochas - disputam espaço com religiosos imbuídos da tarefa de propagar o cristianismo. Em vários semáforos, duas pessoas estendem faixas com versículos bíblicos ou mensagens apocalípticas diante dos carros parados, enquanto o restante do grupelho segue distribuindo folhetos entre os motoristas e pessoas às janelas dos ônibus.O que não deixa de ser curioso sob a própria ótica cristã... Enquanto uns pedem comida, outros distribuem panfletos e lançam palavras ao vento, deixando de enxergar os mais necessitados bem ali ao seu lado.
A idéia básica é que todos pregam a mesma coisa: a salvação por meio de Jesus Cristo. Mas a prática mostra justamente, que predominam, em qualquer situação, as mesmas regras do neoliberalismo e da livre concorrência de mercado - no caso, o mercado de almas e contribuintes em potencial. Para tanto, qualquer diferencial é válido a fim de maximizar os benefícios oferecidos e minimizar as deficiências. Afinal, para que tantas denominações diferentes a poucos metros de distância se todos pregam a mesma coisa e tem o mesmo objetivo teoricamente?
Em um certo ponto existem três igrejas diferentes vizinhas. O "cliente-alma perdida" passa na frente, verifica as ofertas que variam de "loja" para "loja" - da simples hóstia aos mais mirabolantes milagres - é convidado a entrar, como numa grande feira livre, e seduzido - quando não induzido - a filiar-se àquela instituição. Algo como você entrar numa loja e o vendedor tentar lhe vender o produto a todo custo.
O mundo seria muito melhor se não houvessem surgido as tantas religiões, clamando ser portadoras da verdade, que temos hoje, e fosse regido tão somente pela razão e por uma ética universal. É lógico que isso é um delírio assim como a "Utopia" de Thomas Morus, pois o homem se diversifica culturalmente de forma constante. No livro "Deus e os homens", Voltaire, um dos maiores expoentes do iluminismo francês, nos diz que não houve idéia melhor que pudesse por um freio aos homens a fim de julgar seus sentimentos mais ocultos, do que a idéia de um deus que pune ou recompensa a cada indivíduo conforme seus atos.
Religião é lucro espiritual? - Por Maurício Gomes Angelo
Nas diferentes alas em que elas se dividem e em seus respectivos mundos, encontra-se de tudo: poses sisudas, conservadorismo excessivo, teses e orientações risíveis – sexo é para reprodução, como prazer é pecado; quem se sente atraído por coisas “mundanas” (encare isso como tudo que você puder imaginar) é porque está de caso com o demônio; proibição do uso da camisinha; trajes sociais obrigatórios; em alguns casos, depilação e corte de cabelo são proibidos (imaginem as conseqüências escatológicas de tal bizarrice); maquiagem é proibida, carne de porco e café também, sangue...e daí a lista não pára – até as mais moderninhas, com decoração e apelo claramente pop, jovem e aberto a concessões, onde estão os carismáticos católicos e todas as neopentecostais.
Em vez de ser local de debates, explanação de idéias, estudo, interação, aprimoramento espiritual e prático, os fiéis e suas igrejas estabeleceram o pacto "inconsciente" da mesma se comportar e agir como uma babá, tal qual a tv, tenho minhas dúvidas sobre qual das duas é a pior.
É mais ou menos assim o contrato: “Eu aceito suas doutrinas, louvo quem você quiser, me curvo a qualquer imagem, oro para o que quer que seja, levo a sério qualquer besteira, te dou meu dinheiro, apoio e faço sua propaganda e em troca você dá um jeito de resolver qualquer problema que eu lhe apresentar e me consola em qualquer vicissitude da minha vidinha fracassada”. Legal não? Quem que comprou quem? Quem se vendeu a quem, a que? Quem está se iludindo? Mas não importa, o espetáculo do crescimento é sinal da aprovação divina, os fins sempre justificam os meios e “estaremos todos juntos no céu”. Você quer ir para esse céu?
Eu não!
Em vez de ser local de debates, explanação de idéias, estudo, interação, aprimoramento espiritual e prático, os fiéis e suas igrejas estabeleceram o pacto "inconsciente" da mesma se comportar e agir como uma babá, tal qual a tv, tenho minhas dúvidas sobre qual das duas é a pior.
É mais ou menos assim o contrato: “Eu aceito suas doutrinas, louvo quem você quiser, me curvo a qualquer imagem, oro para o que quer que seja, levo a sério qualquer besteira, te dou meu dinheiro, apoio e faço sua propaganda e em troca você dá um jeito de resolver qualquer problema que eu lhe apresentar e me consola em qualquer vicissitude da minha vidinha fracassada”. Legal não? Quem que comprou quem? Quem se vendeu a quem, a que? Quem está se iludindo? Mas não importa, o espetáculo do crescimento é sinal da aprovação divina, os fins sempre justificam os meios e “estaremos todos juntos no céu”. Você quer ir para esse céu?
Eu não!
Enfim, um ateísmo com profundidade - Por Antonio Luiz M. C. Costa
O fato de que mais pessoas assumam abertamente seu ateísmo e livros sobre o tema se tornem best-sellers tem de positivo, no mínimo, uma redução do teor de hipocrisia ambiente. Entretanto, livros como os do britânico Richard Dawkins, zoólogo e de seu compatriota Christopher Hitchens, escritor e crítico literário, não dão uma idéia muito elevada do pensamento ateu ou de sua capacidade de persuasão.
Tais obras são bem fundadas em termos de ciências naturais, mas estão demasiado desinformadas em relação à história, à filosofia e à antropologia da religião para construir uma crítica que soe pertinente a crentes inteligentes. Tais autores declaram essa categoria irrelevante, como se toda a religião se reduzisse ao fundamentalismo e bastasse refutar Adão e Eva para pôr abaixo milênios de fé e de complexas elaborações éticas e metafísicas. Um paradoxo, pois aqueles para os quais a crença literal no Gênesis ou no Alcorão é indissociável da religião são os que menos darão atenção a seus argumentos.
Essencialmente, autores como Dawkins pregam para os convertidos, para estimulá-los a “sair do armário”. Tanto para os ateus menos preocupados com a opinião alheia, quanto para os religiosos abertos ao debate e para aqueles que têm dúvidas sinceras e profundas, tais obras são rasas e pouco relevantes.
É um ponto de vista bem diferente o do filósofo francês André Comte-Sponville. Em O Espírito do Ateísmo, (Martins Fontes, 192 págs), consegue convencer o leitor de que um ateu pode ser não só inteligente e cientificamente bem-informado, como também culto, profundo e sensível.
A primeira parte do livro, “Pode-se viver sem religião?”, talvez seja a menos satisfatória. Sua resposta é que não faz diferença alguma, o que não é lá muito animador e nem sempre é totalmente crível.
Conta a história do hipotético pai que perde a fé em Deus, mas avisa aos filhos: “no que diz respeito aos valores que procurei lhes transmitir, nada se altera: conto com que vocês continuem a respeitá-los”.
Naturalmente, não é por deixar de ser crente que alguém deveria inverter todos os seus valores – muitos deles tiveram ótimas razões para serem adotados – mas, quando se acredita que a moral existe apenas como necessidade humana e não como decreto divino transcendente, é de se esperar uma atitude mais crítica e racional, a relativização ou mesmo abandono de algumas regras tradicionais e talvez também a revalorização e mesmo a invenção de outras.
Comte-Sponville admite que sua posição em relação a preservativos e homossexualidade não é a da moral cristã tradicional, mas insiste: nas “grandes questões morais”, crer ou não nada altera de essencial. Na medida em que fala por suas escolhas e convicções pessoais, nada a objetar, mas não se vê como se poderia fazer disso um princípio universal.
O filósofo francês acredita-se comprometido com os valores tradicionais do Ocidente cristão, mesmo se não com a fé cristã. Mas é escolha sua essa fidelidade à tradição e ao passado, que compara explicitamente com a piada do rabino que se tornou ateu, mas ainda assim continua com as preces rituais, pois “que tem Deus a ver com isso?” Se tivesse nascido na China, Índia ou África, admite, seu caminho seria diferente.
Mas também o leitor latino-americano pode ficar em dúvida sobre se o pensamento do filósofo lhe é aplicável. Nestas terras parte índias, parte africanas, faz pouco sentido a fidelidade exclusiva à tradição ocidental cristã, um entre outros ingredientes de um sincretismo ainda por estabelecer e consolidar, inclusive na esfera dos valores... Mas por que também um europeu não poderia, à maneira de Voltaire e Montesquieu, relativizar essa monogamia ético-histórica e aceitar ter algo a aprender com os valores de outras culturas?
A troca da “fé” pela “fidelidade” é pouco promissora, se não se distingue este segundo conceito do mero conformismo. Com ou sem fundamento, a fé no cristianismo – como o islã e no budismo, em suas respectivas esferas de influência – contrariou valores e costumes preexistentes e impôs novos, e é razoável pensar que isso nem sempre é ruim. Seria paradoxal se o ateísmo desarmasse o pensador da possibilidade de criticar em profundidade a cultura na qual se criou.
Mais interessante é o chamado de Comte-Sponville a abrir mão da esperança no sentido teológico da palavra, ou seja, de uma vida eterna e infinitamente bem-aventurada. Propõe, em seu lugar, um alegre desespero: nada é para esperar, tudo é para fazer, no que depende de nós, ou para amar, no que não depende. É o contrário do niilismo, pois os niilistas não são desesperados e sim decepcionados – e não há como se decepcionar a não se em relação a uma esperança prévia.
A segunda parte do livro trata dos argumentos relativos à existência ou inexistência de Deus. Onde Dawkins, por exemplo, limita-se a descartar os tradicionais argumentos em favor da existência de Deus em três páginas como “tolos”, sem chegar a compreendê-los, o francês os discute e refuta no plano filosófico, como deve ser.
Em seguida, passa aos argumentos do ateísmo. Nada de noções de ciência para principiantes, mas sim pontos que vão ao fundo das razões filosóficas e psicológicas da crença. Por exemplo, a existência do mal, pelo qual nem só a humanidade é responsável. A mediocridade do ser humano, que não permite fazer uma idéia muito elevada do ser supostamente onipotente que o criou. E seu próprio desejo de um Deus, que torna suspeito todo impulso religioso como confusão entre desejo e realidade.
A terceira parte é, talvez, a mais interessante. Discute espiritualidade atéia, coisa de que Dawkins reduz ao senso de maravilha ante a complexidade do Universo e Hitchens sequer cogita. Comte-Sponville reconhece a experiência mística e o sentido espiritual do confronto com o infinito, a eternidade e o absoluto, dando-lhe o seu devido lugar – não o primeiro no mundo, mas o mais elevado no ser humano. Não se trata da consideração intelectual das leis da natureza, mas de um estado de consciência particular, de um sentimento espontâneo de paz, união e pertencimento.
Experiência silenciosa, mas que pode ser descrito como suspensão da banalidade, do já conhecido, pensado e dito, deixando-nos à frente com o novo, com o singular e com o mistério que é, ao mesmo tempo, a evidência do ser. Suspensão também da carência e da cobiça, permitindo o contato com a liberdade e a plenitude. Suspensão do ego e seu discurso, abrindo à experiência da unidade, simplicidade e verdade. Colocação entre parênteses da expectativa e do medo, do passado e do futuro, para que se possa constatar a serenidade e a eternidade.
O sentimento, enfim, de que não se precisa esperar pelo Reino, pois já estamos nele. É o Pentecostes dos ateus, ou o verdadeiro espírito do ateísmo, diz o filósofo: não o Espírito que desce, mas o espírito que se abre e se regozija. Não é a verdade e o absoluto que são amor, mas o amor que, às vezes, é verdadeiro e nos abre para o absoluto.
Tais obras são bem fundadas em termos de ciências naturais, mas estão demasiado desinformadas em relação à história, à filosofia e à antropologia da religião para construir uma crítica que soe pertinente a crentes inteligentes. Tais autores declaram essa categoria irrelevante, como se toda a religião se reduzisse ao fundamentalismo e bastasse refutar Adão e Eva para pôr abaixo milênios de fé e de complexas elaborações éticas e metafísicas. Um paradoxo, pois aqueles para os quais a crença literal no Gênesis ou no Alcorão é indissociável da religião são os que menos darão atenção a seus argumentos.
Essencialmente, autores como Dawkins pregam para os convertidos, para estimulá-los a “sair do armário”. Tanto para os ateus menos preocupados com a opinião alheia, quanto para os religiosos abertos ao debate e para aqueles que têm dúvidas sinceras e profundas, tais obras são rasas e pouco relevantes.
É um ponto de vista bem diferente o do filósofo francês André Comte-Sponville. Em O Espírito do Ateísmo, (Martins Fontes, 192 págs), consegue convencer o leitor de que um ateu pode ser não só inteligente e cientificamente bem-informado, como também culto, profundo e sensível.
A primeira parte do livro, “Pode-se viver sem religião?”, talvez seja a menos satisfatória. Sua resposta é que não faz diferença alguma, o que não é lá muito animador e nem sempre é totalmente crível.
Conta a história do hipotético pai que perde a fé em Deus, mas avisa aos filhos: “no que diz respeito aos valores que procurei lhes transmitir, nada se altera: conto com que vocês continuem a respeitá-los”.
Naturalmente, não é por deixar de ser crente que alguém deveria inverter todos os seus valores – muitos deles tiveram ótimas razões para serem adotados – mas, quando se acredita que a moral existe apenas como necessidade humana e não como decreto divino transcendente, é de se esperar uma atitude mais crítica e racional, a relativização ou mesmo abandono de algumas regras tradicionais e talvez também a revalorização e mesmo a invenção de outras.
Comte-Sponville admite que sua posição em relação a preservativos e homossexualidade não é a da moral cristã tradicional, mas insiste: nas “grandes questões morais”, crer ou não nada altera de essencial. Na medida em que fala por suas escolhas e convicções pessoais, nada a objetar, mas não se vê como se poderia fazer disso um princípio universal.
O filósofo francês acredita-se comprometido com os valores tradicionais do Ocidente cristão, mesmo se não com a fé cristã. Mas é escolha sua essa fidelidade à tradição e ao passado, que compara explicitamente com a piada do rabino que se tornou ateu, mas ainda assim continua com as preces rituais, pois “que tem Deus a ver com isso?” Se tivesse nascido na China, Índia ou África, admite, seu caminho seria diferente.
Mas também o leitor latino-americano pode ficar em dúvida sobre se o pensamento do filósofo lhe é aplicável. Nestas terras parte índias, parte africanas, faz pouco sentido a fidelidade exclusiva à tradição ocidental cristã, um entre outros ingredientes de um sincretismo ainda por estabelecer e consolidar, inclusive na esfera dos valores... Mas por que também um europeu não poderia, à maneira de Voltaire e Montesquieu, relativizar essa monogamia ético-histórica e aceitar ter algo a aprender com os valores de outras culturas?
A troca da “fé” pela “fidelidade” é pouco promissora, se não se distingue este segundo conceito do mero conformismo. Com ou sem fundamento, a fé no cristianismo – como o islã e no budismo, em suas respectivas esferas de influência – contrariou valores e costumes preexistentes e impôs novos, e é razoável pensar que isso nem sempre é ruim. Seria paradoxal se o ateísmo desarmasse o pensador da possibilidade de criticar em profundidade a cultura na qual se criou.
Mais interessante é o chamado de Comte-Sponville a abrir mão da esperança no sentido teológico da palavra, ou seja, de uma vida eterna e infinitamente bem-aventurada. Propõe, em seu lugar, um alegre desespero: nada é para esperar, tudo é para fazer, no que depende de nós, ou para amar, no que não depende. É o contrário do niilismo, pois os niilistas não são desesperados e sim decepcionados – e não há como se decepcionar a não se em relação a uma esperança prévia.
A segunda parte do livro trata dos argumentos relativos à existência ou inexistência de Deus. Onde Dawkins, por exemplo, limita-se a descartar os tradicionais argumentos em favor da existência de Deus em três páginas como “tolos”, sem chegar a compreendê-los, o francês os discute e refuta no plano filosófico, como deve ser.
Em seguida, passa aos argumentos do ateísmo. Nada de noções de ciência para principiantes, mas sim pontos que vão ao fundo das razões filosóficas e psicológicas da crença. Por exemplo, a existência do mal, pelo qual nem só a humanidade é responsável. A mediocridade do ser humano, que não permite fazer uma idéia muito elevada do ser supostamente onipotente que o criou. E seu próprio desejo de um Deus, que torna suspeito todo impulso religioso como confusão entre desejo e realidade.
A terceira parte é, talvez, a mais interessante. Discute espiritualidade atéia, coisa de que Dawkins reduz ao senso de maravilha ante a complexidade do Universo e Hitchens sequer cogita. Comte-Sponville reconhece a experiência mística e o sentido espiritual do confronto com o infinito, a eternidade e o absoluto, dando-lhe o seu devido lugar – não o primeiro no mundo, mas o mais elevado no ser humano. Não se trata da consideração intelectual das leis da natureza, mas de um estado de consciência particular, de um sentimento espontâneo de paz, união e pertencimento.
Experiência silenciosa, mas que pode ser descrito como suspensão da banalidade, do já conhecido, pensado e dito, deixando-nos à frente com o novo, com o singular e com o mistério que é, ao mesmo tempo, a evidência do ser. Suspensão também da carência e da cobiça, permitindo o contato com a liberdade e a plenitude. Suspensão do ego e seu discurso, abrindo à experiência da unidade, simplicidade e verdade. Colocação entre parênteses da expectativa e do medo, do passado e do futuro, para que se possa constatar a serenidade e a eternidade.
O sentimento, enfim, de que não se precisa esperar pelo Reino, pois já estamos nele. É o Pentecostes dos ateus, ou o verdadeiro espírito do ateísmo, diz o filósofo: não o Espírito que desce, mas o espírito que se abre e se regozija. Não é a verdade e o absoluto que são amor, mas o amor que, às vezes, é verdadeiro e nos abre para o absoluto.
Alienação Coletiva - existe? - Por Janos Biro
A forma de transcendência mais condenada por Huxley é a multidão, chamada de alienação coletiva. Enquanto os governos e as igrejas condenam e regulam as drogas e o sexo vulgar, propiciam sempre que possível que dezenas, centenas ou milhares de pessoas se juntem num só lugar como uma massa indistinta. Segundo Huxley, a multidão é a forma mais rápida e simples de autotranscendência. Dentro de uma multidão é possível perder o senso de personalidade, as pessoas tendem a pensar menos em si mesmas e se tornam mais dispostas integrarem-se no grupo, mesmo que de forma negativa: seja chamando a atenção, imitando as ações dos outros, ou juntando-se a qualquer atividade que exija duas ou mais pessoas. Segundo sua análise, cada indivíduo dentro de uma multidão oferece menos defesa contra a persuasão e a manipulação, tornando-se extremamente mais influenciável do que em seu estado normal. O efeito de dividir espaço com milhares de pessoas diferentes é relativamente uma novidade para os seres humanos. O cérebro humano teve pouco tempo para se adaptar a tão extraordinário fenômeno. Ao longo da história, a concentração de grandes números de pessoas tem sido usada para atingir objetivos políticos, geralmente perniciosos, tendo como grande exemplo os discursos nazistas e fascistas. Junte-se a uma multidão alguns alteradores de consciência químicos, música rítmica em alto volume e o que você tem é um grande palco para hipnose. Um propagandista ao microfone, nestas situações, tem dez vezes mais chances de convencer o público do que falando com cada um individualmente. Um argumento fraco, ou mesmo falho, torna-se aceitável com apenas algumas repetições em público. Com cada vez menos oportunidades de desenvolver sua personalidade e menos tempo para a “solidão construtiva”, necessária no desenvolvimento de uma consciência holística, as pessoas são levadas a buscar formas baratas e rápidas de isolamento temporário, voltando-se cada vez mais para a transcendência descendente.
Conclusão: Ao trocar a metafísica da era religiosa pelo positivismo da era moderna, a sociedade não abandonou a “alienação fantasiosa” ao qual ela se entregara. Na verdade, a necessidade psíquica por “religação com algo divino” se tornou ainda maior, mas os métodos tomaram formas diferentes. Os sucedâneos de transcendência desempenham os mesmos papéis que antigamente nos rituais religiosos, com conseqüências muito mais prejudiciais que a inquisição e as cruzadas: a disseminação da ignorância, o conformismo, o controle social, e uma crescente massificação psicológica.
Conclusão: Ao trocar a metafísica da era religiosa pelo positivismo da era moderna, a sociedade não abandonou a “alienação fantasiosa” ao qual ela se entregara. Na verdade, a necessidade psíquica por “religação com algo divino” se tornou ainda maior, mas os métodos tomaram formas diferentes. Os sucedâneos de transcendência desempenham os mesmos papéis que antigamente nos rituais religiosos, com conseqüências muito mais prejudiciais que a inquisição e as cruzadas: a disseminação da ignorância, o conformismo, o controle social, e uma crescente massificação psicológica.
Barack Obama fala sobre Religião e Secularismo
"Dada a crescente diversidade das populações dos Estados Unidos, os riscos de sectarismo estão maiores do que nunca. O que quer que nós já tenhamos sido, nós não somos mais uma nação cristã. Pelo menos não somente. Nós somos também uma nação judaica, uma nação mulçumana e uma nação budista, e uma nação hindu e uma nação de descrentes.
E mesmo se nós tivéssemos apenas cristãos entre nós, se expulsássemos todos os não-cristãos dos Estados Unidos da América, o cristianismo de quem nós ensinaríamos nas escolas? Seria o de James Dobson ou o de Al Sharpton? Que passagens das Escrituras deveriam instruir nossas políticas públicas?
Deveríamos escolher o Levítico, que sugere que a escravidão é aceitável? E que comer frutos do mar é uma abominação? Ou poderíamos escolher Deuteronômio, que sugere apedrejar seu filho se ele se desviar da fé? Ou deveríamos apenas ficar com o Sermão da Montanha? Uma passagem que é tão radical que é de se duvidar que o nosso próprio Departamento de Defesa sobreviveria à sua aplicação.
Nós...
[Discurso interrompido por barulho na igreja. Não dá para discernir se são vaias ou aplausos]
Então, antes de nos empolgarmos, vamos ler as nossas Bíblias agora. As pessoas não têm lido a Bíblia.
O que me trás ao meu segundo ponto: que a democracia exige que aqueles motivados pela religião traduzam suas preocupações em valores universais, ao invés de específicos de uma religião. O que eu quero dizer com isso?
Ela [a democracia] requer que as propostas dela estejam sujeitas a discussão e sejam influenciáveis pela razão. Eu posso ser contrário ao aborto por razões religiosas, para tomar um exemplo, mas se eu pretendo aprovar uma lei abolindo a prática, eu não posso simplesmente recorrer aos ensinamentos da minha igreja, ou invocar a vontade divina; eu tenho que explicar por que o aborto viola algum princípio que é acessível a pessoas de todas as fés, incluindo aqueles sem fé alguma.
Agora, isto vai ser difícil para aqueles que acreditam na inerrância da Bíblia, como muitos evangélicos acreditam, mas em uma sociedade pluralista nós não temos escolha. A política depende das nossas habilidades de persuadir uns aos outros de objetivos comuns com base em uma realidade comum. Ela envolve negociação, a arte do que é possível.
E, em algum nível fundamental, a religião não permite negociar; é a arte do impossível. Se Deus falou, então espera-se que os seguidores vivam de acordo com os éditos de Deus, a despeito das conseqüências. Agora, basear a vida de uma pessoa em compromissos tão inegociáveis pode ser sublime, mas basear nossas decisões políticas em tais compromissos seria algo perigoso.
E se você duvida disso, deixe-me dar um exemplo. Nós todos conhecemos a história de Abraão e Isaac. Abraão foi ordenado por Deus a sacrificar seu único filho. Sem discutir ele leva Isaac montanha acima, até o topo, e o amarra ao altar. Levanta a sua faca. Prepara-se para agir... como Deus ordenara. Agora, nós sabemos que as coisas deram certo; Deus envia um anjo para interceder bem no último minuto. Abraão passa no teste de devoção de Deus.
Mas é justo dizer que se qualquer um de nós, ao sair dessa igreja, visse Abraão no telhado de um prédio levantando sua faca, nós iríamos, no mínimo, chamar a polícia. E esperaríamos que o Departamento de Serviço às Crianças e à Família tirasse a guarda de Isaac de Abraão.
[Risos]
Nós faríamos isso porque nós não ouvimos o que Abraão ouve, nós não vemos o que Abraão vê. Então, o melhor que podemos fazer é agir de acordo com aquela coisa que todos nós vemos, e que todos nós ouvimos. A jurisprudência é bom senso básico.
Então, nós temos algum trabalho para fazer aqui, mas eu tenho esperanças que nós podemos transpor o hiato que existe e superar os preconceitos que todos nós, em maior ou menor grau, trazemos a este debate. E eu tenho fé que milhões de americanos crentes querem que isso aconteça. Não importa o quão religiosos eles possam ser, ou não ser, as pessoas estão cansadas de ver a fé ser utilizada como ferramenta de ataque.
[Aplausos]
Elas não querem que a fé seja usada para diminuir ou para dividir porque no fim não é dessa forma que elas vêem a fé nas suas próprias vidas."
E mesmo se nós tivéssemos apenas cristãos entre nós, se expulsássemos todos os não-cristãos dos Estados Unidos da América, o cristianismo de quem nós ensinaríamos nas escolas? Seria o de James Dobson ou o de Al Sharpton? Que passagens das Escrituras deveriam instruir nossas políticas públicas?
Deveríamos escolher o Levítico, que sugere que a escravidão é aceitável? E que comer frutos do mar é uma abominação? Ou poderíamos escolher Deuteronômio, que sugere apedrejar seu filho se ele se desviar da fé? Ou deveríamos apenas ficar com o Sermão da Montanha? Uma passagem que é tão radical que é de se duvidar que o nosso próprio Departamento de Defesa sobreviveria à sua aplicação.
Nós...
[Discurso interrompido por barulho na igreja. Não dá para discernir se são vaias ou aplausos]
Então, antes de nos empolgarmos, vamos ler as nossas Bíblias agora. As pessoas não têm lido a Bíblia.
O que me trás ao meu segundo ponto: que a democracia exige que aqueles motivados pela religião traduzam suas preocupações em valores universais, ao invés de específicos de uma religião. O que eu quero dizer com isso?
Ela [a democracia] requer que as propostas dela estejam sujeitas a discussão e sejam influenciáveis pela razão. Eu posso ser contrário ao aborto por razões religiosas, para tomar um exemplo, mas se eu pretendo aprovar uma lei abolindo a prática, eu não posso simplesmente recorrer aos ensinamentos da minha igreja, ou invocar a vontade divina; eu tenho que explicar por que o aborto viola algum princípio que é acessível a pessoas de todas as fés, incluindo aqueles sem fé alguma.
Agora, isto vai ser difícil para aqueles que acreditam na inerrância da Bíblia, como muitos evangélicos acreditam, mas em uma sociedade pluralista nós não temos escolha. A política depende das nossas habilidades de persuadir uns aos outros de objetivos comuns com base em uma realidade comum. Ela envolve negociação, a arte do que é possível.
E, em algum nível fundamental, a religião não permite negociar; é a arte do impossível. Se Deus falou, então espera-se que os seguidores vivam de acordo com os éditos de Deus, a despeito das conseqüências. Agora, basear a vida de uma pessoa em compromissos tão inegociáveis pode ser sublime, mas basear nossas decisões políticas em tais compromissos seria algo perigoso.
E se você duvida disso, deixe-me dar um exemplo. Nós todos conhecemos a história de Abraão e Isaac. Abraão foi ordenado por Deus a sacrificar seu único filho. Sem discutir ele leva Isaac montanha acima, até o topo, e o amarra ao altar. Levanta a sua faca. Prepara-se para agir... como Deus ordenara. Agora, nós sabemos que as coisas deram certo; Deus envia um anjo para interceder bem no último minuto. Abraão passa no teste de devoção de Deus.
Mas é justo dizer que se qualquer um de nós, ao sair dessa igreja, visse Abraão no telhado de um prédio levantando sua faca, nós iríamos, no mínimo, chamar a polícia. E esperaríamos que o Departamento de Serviço às Crianças e à Família tirasse a guarda de Isaac de Abraão.
[Risos]
Nós faríamos isso porque nós não ouvimos o que Abraão ouve, nós não vemos o que Abraão vê. Então, o melhor que podemos fazer é agir de acordo com aquela coisa que todos nós vemos, e que todos nós ouvimos. A jurisprudência é bom senso básico.
Então, nós temos algum trabalho para fazer aqui, mas eu tenho esperanças que nós podemos transpor o hiato que existe e superar os preconceitos que todos nós, em maior ou menor grau, trazemos a este debate. E eu tenho fé que milhões de americanos crentes querem que isso aconteça. Não importa o quão religiosos eles possam ser, ou não ser, as pessoas estão cansadas de ver a fé ser utilizada como ferramenta de ataque.
[Aplausos]
Elas não querem que a fé seja usada para diminuir ou para dividir porque no fim não é dessa forma que elas vêem a fé nas suas próprias vidas."
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