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domingo, 12 de julho de 2009

Insossa Eternidade - Rogério


Estava eu sentado sobre uma das muitas pedras a margem rio Guaíba, perto da Usina do Gasômetro e estava a contemplar as ondas que surgiam e voltavam para o rio. Olhando-as percebo na essência delas, que sua natureza é sempre a mesma e retornam sempre ao todo de onde surgiram.
Impermanentes.
O que me fez verificar o senso que temos da imortalidade. Imortalidade é nunca morrer, nunca ter um fim. Mas analisando em profundidade, para ser imortal não se pode viver pois, se fôssemos vivos e imortais, duvido que não procuraríamos um meio de nos matar.

O que nos dá prazer e dor a nossa vida senão os nossos sentidos? Nossos sentidos tem inúmeras funções cada um a seu modo nos permite ter contato com o mundo que nos rodeia. No entanto, se fossemos imortais, os sentidos não seriam de forma alguma algo útil. Analisemos:

Paladar: como imortal, não necessitaria comer para sobreviver, logo sentir o gosto pelas coisas seria deveras sem relevância.

Olfato: nosso olfato é uma extensão, dizem alguns, de nosso paladar. Sendo imortais os odores nos seriam inúteis uma vez que eles nos ajudam a identificar o que deve ou não ser consumido. Adicionalmente os odores nos ajudam a captar Feromônios úteis segundo pesquisas para a escolha do nosso(a) parceiros sexuais. Porque faria sexo para preservar minha espécie se vivo eternamente???

Visão: Me arrisco dizer que é o nosso principal sentido. Nossa visão nos permite enxergar os perigos e nossas necessidades para que sobrevivamos. De que utilidade seria nossa visão então?

Tato: dor e prazer estão relacionados a este sentido. Ambos necessários para nossa sobrevivência como indivíduo e como espécie.

Audição: nossos ouvidos nos auxiliam a perceber as vibrações no ar permitindo nossa comunicação com outros e percepção de perigos.

Mente: e quando chegássemos ao ponto de nos conhecer tão profundamente que nada mais há a ser descoberto?

Ademais, necessitamos do fato de que morreremos um dia para motivar-nos a fazer as coisas. Mesmo o mais fervoroso eternalista necessita dela, a dona morte e sua foice para seguir seu credo.

Mas digamos que tivéssemos todos estes sentidos:

Pois digo que insosso se tornará a realidade daquele que é eterno, pois se fossemos eternos e atingíssimos o limiar de todo conhecimento transcendente, nos faltaria ainda a experiência da não existência para compreendermos plenamente todas as coisas... E, se retornássemos desta não existência o que mais haveria de interessante para nós?

Se fossemos eternos também teríamos de dar, eternamente, sentido a nossa existência. E quando tudo mais já tiver sido, vez após vez, esmiuçado diante de nossa ânsia de darmos sentido a tudo?

Sinceramente? Prefiro ser o mortal. Aquele ser que os deuses e seres espirituais diversos consideram segundo suas mitologias, seres inferiores, porque morrem... Prefiro buscar as coisas nas coisas pelo que elas são enquanto vivo do que abraçar a eterna insatisfação de ter de encontrar um sentido para minha existência que um dia ficará sem sentido...
A realidade é o “agora” e só...
E agora eu vou comer minha barrinha de chocolate...

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