Sobram razões para Michel Onfray ser um dos filósofos mais polêmicos e mais lidos da França: contra a religião e a ideia de Deus, as instituições de ensino e a formatação de alunos para que sirvam ao mercado de trabalho, o casamento, a monogamia, a procriação, Onfray não teme enfrentar mecanismos sociais já há muito tempo estabelecidos, propondo em sua obra “novas possibilidades de existência”. Ele é herdeiro de filósofos gregos como Diógenes e Epicuro, mas também dos iluministas franceses, de Nietzsche e de Freud. Apoiando-se sobretudo nos princípios da razão e do hedonismo, Onfray acredita que devemos buscar constantemente o prazer, a liberdade e a independência, desde que, para isso, não façamos mal ao outro. A busca por essa trajetória individual, na medida de nossos desejos, é a base de toda sua extensa obra: o filósofo francês já publicou mais de 40 livros traduzidos em mais de 20 línguas com temas tão variados como religião, política, estética, relacionamentos, história da filosofia, e até mesmo gastronomia e viagens. Dentre seus livros, destacam-se Tratado de AteologiaTeoria do Corpo Amoroso e Contra-História da Filosofia.,
Onfray, além disso, fundou em 2002 a Universidade Popular de Caen, uma universidade gratuita, sem inscrições prévias, sem diplomas, aberta a qualquer interessado.
Uma de suas obras mais importantes e polêmicas é o Tratado de Ateologia, na qual o senhor defende a substituição da religião pela filosofia. Mas, para tirar a religião da vida, é preciso necessariamente substituí-la por algo?
Na verdade, é preciso substituir o placebo, a religião, pelo medicamento, a filosofia. Em outras palavras, trocar as fábulas, as histórias infantis, os mitos, o pensamento mágico, os além-mundos, pela sabedoria, pelas Luzes, pela inteligência, pela razão. Se antes ensinava-se como verdade uma Virgem que tem filhos, um Deus que abre o mar para deixar seu povo passar, mortos que ressuscitam, peixes multiplicados ao infinito, água que se transforma em vinho em um passe de mágica, hoje é preciso ensinar a reflexão, a análise, o princípio da não-contradição, a obrigação de ser coerente, o pensamento racional, sensato e reflexivo. Em resumo: substituir Bento XVI por Voltaire.
Mas qualquer um pode esquecer Deus? Mesmo aqueles que talvez não tenham conhecimento o suficiente para ver o mundo de outra maneira?
Se deixarmos uma criança longe de influências, jamais ela inventará essas bobagens, que são um puro produto da educação. É preciso somente substituir um mundo por outro, uma pedagogia por outra, um saber e seus conteúdos por outros saberes e outros conteúdos.
Entrevista completa nesse link:
http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/082/conversa/conteudo_485844.shtml
Onfray, além disso, fundou em 2002 a Universidade Popular de Caen, uma universidade gratuita, sem inscrições prévias, sem diplomas, aberta a qualquer interessado.
Uma de suas obras mais importantes e polêmicas é o Tratado de Ateologia, na qual o senhor defende a substituição da religião pela filosofia. Mas, para tirar a religião da vida, é preciso necessariamente substituí-la por algo?
Na verdade, é preciso substituir o placebo, a religião, pelo medicamento, a filosofia. Em outras palavras, trocar as fábulas, as histórias infantis, os mitos, o pensamento mágico, os além-mundos, pela sabedoria, pelas Luzes, pela inteligência, pela razão. Se antes ensinava-se como verdade uma Virgem que tem filhos, um Deus que abre o mar para deixar seu povo passar, mortos que ressuscitam, peixes multiplicados ao infinito, água que se transforma em vinho em um passe de mágica, hoje é preciso ensinar a reflexão, a análise, o princípio da não-contradição, a obrigação de ser coerente, o pensamento racional, sensato e reflexivo. Em resumo: substituir Bento XVI por Voltaire.
Mas qualquer um pode esquecer Deus? Mesmo aqueles que talvez não tenham conhecimento o suficiente para ver o mundo de outra maneira?
Se deixarmos uma criança longe de influências, jamais ela inventará essas bobagens, que são um puro produto da educação. É preciso somente substituir um mundo por outro, uma pedagogia por outra, um saber e seus conteúdos por outros saberes e outros conteúdos.
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